Thursday, June 7, 2012

le streifen: Flores do Oriente

(4.7/5)
"Essas mulheres possuem força e beleza que nunca morrerão."

1937. Nanquin, China. Em meio ao caos, um grupo de jovens garotas, estudantes de um convento, conseguem escapar dos ataques das tropas japonesas e refugiarem-se na igreja local, junto a George, filho adotivo do padre morto, John (Christian Bale), um coveiro de origem americana, e um grupo de cortesãs do rio Qin Huai.
Para proteger as crianças, John se faz passar por padre, contando com a ajuda de Yu Mo (Ni Ni), uma linda mulher, George, e o pai de uma das meninas, para arquitetar um plano para tirá-las dali em segurança.
Belo e dolorosamente honesto, Flores do Oriente apresenta a crua realidade da guerra,  sem deixar de expor, também, os heroicos atos de pessoas comuns que lutam para manter a vida e a humanidade.

De verdade, não estava esperando muito quando sentei para assistir esse filme. Devo dizer que foi uma surpresa deveras agradável! Flores do Oriente trata de um tema extremamente delicado - a guerra - sem parecer piegas, ou pior, superficial. A crueldade da guerra é mostrada crua e friamente, sem poupar o espectador, já deixando claro que esse não é um outro filme qualquer com um finalzinho feliz e absurdamente irreal.


Uma coisa que me chamou a atenção (e que eu, pessoalmente, gostei muito) foi a construção do enredo, feita de forma bastante realista, e muito bem pensada. É surpreendente a forma como todas as sutilezas da trama contribuem para a transmissão daquilo que os personagens desejam, e, ao mesmo tempo, daquilo que os produtores desejaram passar. As crianças, aqui, representam a inocência, e a luta por tirá-las vivas e sãs dali representam a vontade que todos ali possuem de manter tais atributos em meio ao circo de horrores a que estão submetidos.

É muito bonita a forma como é trabalhada a questão de que, sim, pessoas normais
fazem a diferença. As atitudes que tomamos, e a solidariedade contida nelas, podem  causar impactos maiores do que jamais poderíamos imaginar, e muitas vezes, são mais importantes para determinar quem somos, independente de quem somos. Das muitas mulheres de Qin Huai, não chegamos a saber nem o nome. Isso, porém não faz diferença alguma.


Toda a parte técnica - fotografia, trilha sonora, figurino - remete a um quê de desolação, mas contém uma fagulha de esperança (representada pelo colorido do vitral da igreja e dos vestidos das cortesãs) de que, sim, talvez haja uma forma de escapar.

Eu absolutamente amei esse filme. Tudo é tão simples, e, ao mesmo tempo, tão complexo, tão bem trabalhado, que a única opção que resta é se deslumbrar com a genialidade e a competência de todos aqueles que contribuíram para a produção do longa - uma verdadeira obra de arte.

Tuesday, May 29, 2012

le hon: Jostein Gaarder - A Garota das Laranjas

"Quero lhe fazer uma pergunta importante. Mas antes... quero ter a alegria de lhe contar a história da garota das laranjas."

Georg Roed não guarda muitas lembranças do pai, Jan Olav, que morreu quando o garoto tinha quase quatro anos de idade. Porém, agora, 11 anos depois, em seu velho carrinho de forro vermelho, é encontrada uma longa carta endereçada a ele - uma carta que seu pai escreveu pouco tempo antes de morrer. Enquanto narra ao filho sobre a história da enigmática garota das laranjas, Jan Olav estabelece com o Georg adolescente uma ligação entre o presente e o passado, fazendo-lhe uma pergunta importantíssima cuja resposta poderá afetar os rumos da vida do rapaz.

Livro curtinho, com pouco mais de 100 páginas, mas que fala muito mais profundamente do que muitos calhamaços de 500. A linguagem é permeada de reflexões pessoais, de questionamentos sobre coisas tão simples e tão complexas quanto a vida e a morte, mas de alguém que procura ser o mais breve possível.  De alguém que tem muito a falar, mas que infelizmente, não tem tempo suficiente.

A narrativa é primorosa. Se me dissessem que era uma história real, eu teria acreditado, porque a forma como a trama é escrita transmite perfeitamente essa sensação de um pai falando ao filho, estando ali presente, passando a ele as descobertas mais importantes que fez, mesmo morto. Somos testemunhas de uma conversa que nunca acontecerá, mas que muda Georg, e a nós também.

Somos forçados a refletir sobre a forma como encaramos a morte, como vivemos nossas vidas. Porque é exatamente isso. Nossa existência é muito breve, mas é maravilhosa. Como é dito muitas vezes, "o mundo é um conto de fadas". Todos esses questionamentos, enigmas da existência, divagações, são expostos conforme a história da misteriosa garota das laranjas.

Não tenho vergonha de dizer que chorei. E muito. Mesmo agora, escrevendo essa resenha, quando lembro do que li, lágrimas me vem aos olhos. É emocionante.

le hon: James Patterson - O Dia da Caça

"A perseguição começou. Alex Cross será a caça ou o caçador?"

Alex Cross, detetive com uma longa e bem-sucedida carreira policial, além de um ph.D. em Psicologia, é chamado para investigar o assassinato de uma família dentro de casa. Ao descobrir que uma das vítimas é Ellie Cox, sua antiga namorada de faculdade, Cross decide capturar o criminoso a qualquer custo - mesmo que isso inclua aventurar-se na África e envolver-se num perigoso mundo de corrupção, com uma guerra civil prestes a estourar e um dos assassinos de aluguel mais cruéis com que já se deparou.

O Dia da Caça é o 14º(!) volume da série Alex Cross, de James Patterson, que já teve alguns volumes adaptados para o cinema, tendo o protagonista representado por Morgan Freeman.

A narração é fluida, coerente, e rápida. O livro é bem segmentado, dividido em diversos capítulos curtinhos e objetivos, o que contribui muito para criar uma leitura dinâmica, capaz de prender o interesse do leitor.

Quanto ao enredo, sem palavras. E
mbora a temática trate de tópicos como corrupção e fraudes de grandes corporações (governos, órgãos, empresas), não há nada daquela coisa de "OMG vamos salvar o mundo porque o apocalipse vem aí".

Alex quer fazer justiça pela antiga amiga e amada, descobrir o que aconteceu, e proteger sua família e si mesmo. Só isso. Claro, e
le claramente é muito bom no que faz, mas não ocorre aquela idolatração toda que vemos em muitos livros, do mocinho e do grande herói que precisa salvar o mundo (Robert Langdon, estou falando com você). E esse é um lado que eu gosto muito - a construção dos personagens. Todos são muito humanos, muito reais, assim como suas motivações.

Única coisa que eu critico é a falta de "pistas" dadas ao longo do livro. Sério? Eu tenho a impressão de que passei o tempo inteiro sem saber de nada, sendo jogada de um lado para o outro (como Alex) e de repente, ele resolveu o caso, prendeu o cara, resgatou todo mundo, e fim.

Recomendadíssimo!